quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Estudos gráficos

Nosso projeto contará com ilustrações animadas inspiradas na era modernista. Abaixo seguem alguns testes, estudos e rascunhos iniciais de nosso projeto.

Essa imagem foi do primeiro teste no Flash, usando botões para acionar pequenas animações executadas pelos personagens com ordem do leitor. Os elementos foram desenhados no Corel Painter X, uma ferramenta muito boa para simulação de diversos tipos de tintas e texturas artísticas. Ainda ficou longe da proposta modernista, mas só gastando papel - ou melhor ponta de tablet - que chegaremos efetivamente no que buscamos.











No ultimo dia 15 começamos a pesquisar efetivamente quais os grandes nomes de artistas modernistas que usaremos como referência para o TCC.

Esta foi a primeira versão do Macunaíma.





















Abaixo um Macunaíma bem inspirado na exposição do MAC do Antonio Bandeira - não confundam com o Zorro einh.


































Aqui o Macunaíma em sua versão branca.



















Outro dia, com um pouco mais de tempo saíram estes outros. Ah sim, alguns em mesa de bar - acontece muito.






































Bem, esses são os primeiros de muitos rascunhos. Se vocês tiverem dicas de referências visuais, outras ideias, opinarem sobre qual olho gostaram mais, qual boca, corpo... Estejam a vontade para darem seus pitacos.
Um ótimo carnaval a todos!

Tem mais não.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Quem é o autor? Macunaíma e a Internet

Um dos pontos polêmicos sobre o livro Macunaíma foi a discussão relativa ao fato de Mário de Andrade ter utilizado como base as narrativas dos índios Taulipangues e Arekunás recolhidas pelo alemão Theodor Koch-Grünberg e publicadas em 1916.
Ao ser “acusado” de plágio, de forma indireta ou cínica por Raimundo Moraes, Mário de Andrade assume, também de forma cínica, que copiou não apenas Koch-Grünberg, mas também o próprio crítico e ainda Rui Barbosa, Mário Barreto e tantos outros. Diz ainda que nem a idéia de sátira do Brasil é dele e sim que já existia desde Gregório de Matos e encerra satirizando a descoberta do Brasil pelo acaso “dos Cabrais” que levou o Brasil a pertencer a Portugal.
Este posicionamento foi um dos motes utilizados por Eneida Maria de Souza (1999) em seu argumento sobre o posicionamento de Mário de Andrade em relação à propriedade de textos.
Segundo a autora, Mário de Andrade utilizava em sua defesa a teoria, que ele mesmo desenvolvera, de que a criação dos textos populares se daria por meio de um mecanismo de lembranças e esquecimentos da memória – falaremos sobre isso em outro post – diferentemente do texto erudito em que só da memória brilhante se faz uso. Obviamente que aqui também Mário de Andrade usa do cinismo para criticar os escritores eruditos.
Devemos lembrar também que no epílogo do Macunaíma, o escritor (Mário de Andrade) recebe as histórias de um papagaio e contadas em uma língua desconhecida, ou seja, Mário de Andrade já discutia nas últimas páginas do livro, quem seria o verdadeiro autor dos textos.
E o que tudo isso tem a ver com a Internet?
Nossa análise inicial – ainda nos aprofundaremos sobre o tema – é que o modelo da World Wide Web, ainda que dirigido por padrões fixos de navegadores, buscadores e comunicadores não dá conta da produção textual produzida em todo o mundo e tem funcionado um pouco como o modelo de transmissão oral, já que não existe uma modelo que armazene ou organize a história textual do que é produzido nestes ambientes de forma global.
Desta forma, ainda que existam casos de desonestidade como em qualquer meio, muitos textos ou imagens produzidos acabam também funcionando, como na proposição de Mário de Andrade, sob os mecanismos de lembrança e esquecimento e acabam por produzir, muitas vezes, plágios que não são plágios ou são plágios parciais ou talvez plágios múltiplos. Vemos, por exemplo, sites com um design que é na verdade uma montagem do design coletado de vários outros, textos que são subvertidos e/ou que têm a autoria alterada ou subtraída. Na maior parte das vezes sem que aqueles que publicam os textos e imagens saibam disso.
Obviamente não estamos falando da produção de organizações – mercantis ou não – e sim da produção da grande massa de internautas que publicam seus textos e imagens pessoais na Web, uma vez que são estes e não aqueles que interessam às nossas pesquisas neste momento.
Foi este o outro dos porquês da escolha do Macunaíma como livro objeto do nosso projeto.
Mais adiante nos aprofundaremos mais sobre estes assuntos.

Referência

SOUZA, Eneida Maria de. A pedra mágica do discurso. 2. Ed. revista e ampliada. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999.

Por que Macunaíma?

A escolha do livro para nós deveria atender a alguns critérios:

- Obra de caráter literário;
- Obra conhecida e reconhecida;
- Obra que proporcionasse uma ampla gama de referências;
- Obra que de alguma forma se relacionasse com o modelo de livro em hipermídia;
- Obra que permitisse experiências visuais;
- Obra que não estivesse restrita a públicos específicos.

Não foram necessárias muitas pesquisas para decidir pelo livro Macunaíma, de Mário de Andrade.
Macunaíma, além de ser considerado um dos marcos na literatura moderna brasileira, tem sido objeto dos mais variados estudos tanto na área literária quanto nas áreas sociológicas, antropológicas, culturais e até mesmo da astronomia.
Também é, repetidamente, utilizado como livro obrigatório em diversos vestibulares no Brasil, indicado como leitura em várias etapas de nossas vidas escolares.
Também já foi representado no teatro e no cinema.
No aspecto de referências, Macunaíma pode ser visto quase como um resumo das pesquisas de Mário de Andrade sobre os mais diversos aspectos da cultura popular brasileira – em suas origens indígena, africana e européia – bem como citações históricas e geográficas do país.
No campo visual podemos encontrar no projeto modernista ligações das representações gráficas primitivas com as vanguardas européias da época – década de 20 – o que nos dá, sem dúvida uma enormidade de possibilidades de experimentação.Por fim, resta a questão “em que o Macunaíma se diferencia de outros livros em relação aos meios digitais?”. Trataremos disso em nosso próximo post.

O projeto de livro em hipermídia

Muitas discussões ainda existem sobre a leitura em nossa chamada “era digital”.
Fala-se no fim dos livros impressos, na Internet como inimiga da leitura, na liberdade proporcionada pela navegação digital e na perda da cultura de forma geral, entre outros aspectos desta discussão que procura instituir uma oposição entre a Web e os livros impressos como veículos de desenvolvimento do conhecimento e da cultura.
Nossa proposta é desenvolver um projeto que permita a integração do livro tradicional com os conceitos e aplicações de hipertexto e hipermídia como método de tornar a leitura muito mais abrangente, congregando as mais diversas informações relativas ao livro escolhido como objeto do projeto.
Além disso, nos propomos a integrar elementos visuais e sonoros que tornem a experiência da leitura de nosso protótipo de livro em hipermídia ainda mais atrativa e completa, permitindo aprofundar ainda mais o conhecimento obtido durante o ato de leitura.
Por meio deste blog apresentaremos não apenas o desenvolvimento do nosso projeto, mas também discussões sobre as pesquisas que realizaremos durante o processo.
Inicialmente fiquem com alguns links sobre a “batalha” entre os defensores do livro impresso e da Internet, bem como outros relativos à venda de livros pela Internet e livros no mundo digital:

http://www.nytimes.com/2008/07/27/books/27reading.html?pagewanted=print

http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=2437

http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI3323639-EI4799,00.html

http://www.amigosdolivro.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=5344

Traremos mais destas discussões durante nosso projeto.